Coisa Amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. É mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Segredo Amor
Se quer alguém por sua beleza,
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. É mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Segredo Amor
Se quer alguém por sua beleza,
Não é amor, é desejo.
Se quer alguém por sua inteligência,
Não é amor, é admiração.
Se quer alguém porque é rico,
Não é amor, é interesse.
Se quer alguém e não sabe porque,
Isso é amor.
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
(Carlos Drummond de Andrade)
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
(Vinícius de Moraes)
Filha Querida
Eu não sei se você reparou,
mas eu subi até a montanha mais alta.
Eu estudei as colinas mais pedregosas,
aprendi a passar por todas;
sofri,
claro que sofri,
mas fui voando,
e crescendo,
e sendo sempre a batalha não perdida.
Eu fui ver onde era o holocausto,
vi com meus olhos
toda a morte e toda a treva da dor.
Mesmo assim eu continuei a andar.
Eu vi todo o mundo que estava magoado,
mesmo que ninguém admitisse o pranto.
Eu vi onde estavam todas as lágrimas.
Tentei resgatar gota por gota,
mas já era tarde,
e algumas coisas evaporaram antes de eu chegar.
Mesmo assim,
lutar
em nome de algo maior,
que não sabemos ao certo o que é.
Eu salvei o amor dos braços do monstro.
Corri do inferno, que agora está amedrontado,
e trouxe até seus olhos o que há de mais belo.
Eu fui aonde ninguém foi pelos seus olhos
porque você tem o sol da revolução de mim.
Então,
quando ofereci,
você alegou que o mundo está a nos separar
quando na verdade é só a rua que precisa ser atravessada.
Quem veio já de outras dimensões
não teme dar mais alguns passos,
pingando romantismo e nostalgias diversas,
para finalmente abrir seus olhos
e precipitar a chuva da primavera,
quando tudo floresce como revelações.
Assim me construo,
chamo você...
Assim o poeta espera o dia,
sem alarmes,
porque o pior passou,
a poetisa venceu.
Outras batalhas virão,
é bem verdade,
mas nenhuma colocará em risco as descobertas que já temos,
as esperanças que já construímos.
Nenhuma batalha terá o poder
de acabar com os versos seus,
onde me fiz e me transformei,
e de onde me entrego
ao rumo determinado do seu coração.
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